25 de mar. de 2011

Lembranças - 12

Estou cansada.

Exausta.

Por que já atendi quatro clientes.

E não são nem duas da manhã.

E agora aparece o quinto.

Saco. Logo hoje que eu tô cansada.

Mas vida de puta é assim mesmo.

Ainda mais puta de inferninho.

Mas me esfoço.

Dou um sorriso, pego a chave do quarto e entro.

Tiro a roupa, mecanicamente.

Ajudo-o a se despir, também mecanicamente.

Credo, que cheiro de suor.

Em outra ocasião, eu ficaria excitada.

Cansada como estava, senti apenas nojo.

Coloco-lhe uma camisinha e deito na cama.

Se quiser, vai ter que ser papai-e-mamãe.

O cara se atira à função.

Mete de qualquer jeito, mas não reclamo.

Mas que cheiro de suor do caralho!!!

Sinto ele bombar com gosto, mas não sinto nada.

Nem tesão. Apenas nojo.

E ali, sendo penetrada, comida, fodida, me dei conta.

O nojo era comigo mesma.

Por estar ali, naquele antro.

O cara goza, gemendo, mais suado ainda.

Ele levanta-se e vai embora

E eu fiquei ali, deitada, nua.

Com nojo.

Nojo de mim mesma.

Me arrumei, peguei minha bolsa e saí.

Fui embora sem nem pegar o dinheiro da noite.

Minha última noite no inferninho.

==============
Depois que escrevi sobre o inferninho que trabalhei (post abaixo), resolvi mostrar como foi minha saída.

Depois deste episódio eu fiquei três meses sem fazer nenhum tipo de programa. Foi uma quarentena auto-imposta, para recolocar minha cabeça no lugar e voltar a pensar, não a reagir com a buceta. Sim, por que não é só o homem que pensa só com a cabeça de baixo. As mulheres também podem sofrer do mesmo mau...

Nenhum comentário: